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Olá, chamo-me Pedro Lopes e sou um apaixonado pelo Trail, em especial por aquelas provas mais longas que nos consomem a alma para as conseguir realizar! Espero que com este blog consiga transmitir todas as emoções que vivo durante as minhas aventuras.

domingo, 12 de janeiro de 2020

Os encantos de Sever do Vouga

 

Dia 12 de Janeiro ficou marcado pela primeira prova do ano 2020. E que prova…




Esta foi a 2ª edição do Vouga trail.  No ano anterior já tinha marcado presença.  Apesar de ter estado muito mau tempo,  gostei do percurso. Assim,  este ano, decidi voltar a participar nesta prova que era mesmo à porta de casa.

Foto da 1ª edição do Vouga Trail


A viagem para Sever do Vouga foi com o David Coutinho. Desta vez foi ele que me deu boleia.

Estava um frio de rachar, mas o sol estava prometido para abrilhantar esta que, para mim, foi uma prova com uma organização excelente, com um percurso fantabulástico :D Muitos parabéns a todos os elementos da organização.



O percurso era linear, o que nos obrigava a deslocarmo-nos de autocarro para a zona da partida,  em Senhorinha, mais propriamente na Associação Desportiva Cultural Recreativa Senhorinhense. A viagem foi curta mas ainda deu para encontrar mais um camarada das corridas lá da terra, o Luís Azevedo J



O relógio marcava 8:00h e a partida era dada pelo speaker de serviço, Hugo Água.

48Km’s com, sensivelmente, 2300D+ esperavam-me pelas encostas do rio Vouga, do rio Mau, pelas levadas de Carrazedo, pela famosa cascata da Cabreia e por alguns pontos mais altos da capital do Mirtilo :D, ou seja, prova super interessante :D

Os primeiros 3 km’s foram feitos junto ao rio, por single tracks fantásticos,  depois, noutra fase, já a descer. Algumas vezes com uma inclinação bem acentuada e com muita pedra solta.

A prova prometia :D porque …quem muito desce, muito sobe :p

E assim foi, a primeira subida fez desaparecer o frio que sentia . Em apenas 2 km’s , sensivelmente, passamos dos 200m de elevação para os 420m, ou seja, uma pequena parede para arregaçarmos as mangas e tirar a gola do pescoço :P

O primeiro abastecimento situava-se ao km 9,5 em Silva Escura. Sentia-me bem e tranquilo, com o objetivo de aproveitar ao máximo o que a prova me estava a dar.



Pouco depois deste primeiro abastecimento, reencontro mais um conterrâneo, o Luis Dias que, por coincidência, foi o meu companheiro de prova na 1ª edição. Ainda fizemos alguns km’s juntos mas ele estava uma fera :D e com o passar dos km’s deixei de o ver (estás muito forte Luis :D e parabéns mais uma vez pela tua prova).

Passado o 1º abastecimento e  a Cascata da Cabreia, um ponto ex-libris de Sever do Vouga, segui em direção ao Arestal, que seria o local do 2º abastecimento.  Ah! Também passámos pelas históricas Minas do Braçal.

Pela frente tinha uma autêntica prova de fogo. Ia subir ao ponto mais alto da prova, começando nos 164m de altitude e terminando depois nos 830m.



Ainda antes de começarmos a escalar, passamos por um local muito bonito e parecia relaxante, pois tinha casas de madeira que, julgo eu, seriam para alugar. Um lugar muito calmo, com vegetação. As casinhas eram muito bonitas. Davam para uns bons dias de férias :D

Bem, mas que grande subida. Esta, para mim, seria a parte mais difícil da prova porque, depois de transpor esta parede, praticamente na vertical, iria ter uma descida longa para avançar um pouco nos km’s e começar a entrar na segunda parte da prova.

Foi aqui, nesta subida, que conseguia ver os atletas que estavam à minha frente e atrás, parecíamos formiguinhas.

Fotografia: Fritz Photography


Foi uma monstruosidade de subida que chegou a ter 20,5% de inclinação. Ou seja, se não tivéssemos cuidado, eram dois passos para a frente um para trás :D Mais uma vez os meus amigos bastões deram-me uma grande ajuda.

Durante esta parte do percurso aconteceu-me uma coisa que não é nada normal. Ter fome! Não costumo ter, que esquisito! Alimento-me durante as provas por saber que preciso de energia e não por ter fome, mas desta vez tive mesmo fome. Fui “obrigado” a recorrer a uma barrinha energética para tentar “resolver” esta situação.

Sensivelmente 50 minutos depois de ter deixado o 1º abastecimento, chego ao Arestal, local do 2º abastecimento. A primeira reação foi “agarrar-me” logo aquela aletria que estava no abastecimento. Meu Deus, soube às mil maravilhas. Nunca me tinha sentido esfomeado assim com tão poucos km’s. Km16, 2º abastecimento, duas horas de prova J até agora, tirando o episódio da fome, estava tudo a correr muito bem.

Fotografia: Frtíz Photography


Ia começar a descer, em direção a mais um ponto de referência, a barragem de Ribeiradio. Lá iria ser o local do 3º abastecimento e local também da 1º barreira horária.

Tudo o que tínhamos subido iriamos agora descer.  Foram praticamente 8/9 km’s a descer com o som do rio a acompanhar-me na maior parte do percurso. Ainda deu para conhecer uns passadiços fantásticos que atravessam terras, terrenos, vegetações J e a Cascata do Gresso.  Fantástico mesmo!

Aqui nesta parte do percurso começo a sentir que os meus gémeos não estariam nas perfeitas condições porque estava a sentir umas “picadelas”. Decidi abrandar um pouco o ritmo, porque estava a adorar a prova e não queria correr o risco de a fazer em sofrimento desnecessário.



E assim foi, fui controlando os movimentos, sempre a um ritmo moderado e lá começo a avistar aquela monstruosidade de betão. A barragem de Ribeiradio.

Malta da organização super bem disposta, prestável e uma sopinha repuseram-me as energias. Não perdi muito tempo neste abastecimento e lá continuei eu o meu caminho.

Km30 e lá começo outra vez a subir. O início da subida foi feita pela estrada principal, ou seja, em alcatrão o que não é muito agradável mas, neste caso, acho que a organização não tinha muito a fazer. Pela frente tínhamos 5 km’s  onde partimos dos 140m de altitude e íamos acabar no 560m com um ponto de abastecimento apenas de líquidos no Monte Castêlo. Mais uma paisagem deslumbrante, pois mais uma vez tinha uma vista panorâmica de tudo o que nos rodeava lá em baixo.



Esta subida custou mais do que eu estava à espera! Foi agressiva! Por vezes tinha uma inclinação brutal, mas era a última grande subida o que, só por si, já dava um alento para a terminar o quanto antes.

Monte Castêlo dominado, toca a seguir em direção ao último ponto de abastecimento. A Encosta dos Túneis. Um aldeamento turístico, super bonito, junto à eco pista e junto ao rio Vouga.

Foram mais ou menos 5/6 km’s a descer e, mais uma vez, as margens do rio Vouga proporcionaram uma vista fenomenal. Single tracks fantásticos nas margens deixaram-me encantado. Adorei!!!

Nesta parte do percurso encontrei o Luis Azevedo, que tinha abrandado um pouco. Ainda perguntei se estava tudo bem ao qual me respondeu que sim.

Quando dou por mim, já estava dentro do aldeamento, que é apenas super híper mega bonito, e paro para me abastecer. Mais uma vez aletria fez parte do meu cardápio de abastecimento. Juro-vos aquela aletria era maravilhosa :D parabéns a quem a fez.

Bem…entrava nos últimos km’s de prova com o ânimo em alta, apesar de saber que a prova tinha mais uns km’s de prenda :P

Fotografia: Matias Novo


Descemos pela eco pista até atravessarmos a mítica ponte de comboio do Vouga e voltámos a entrar pelo monte a dentro, onde iriamos subir e descer mais um pouco até ao centro de Sever do Vouga.

Entre terrenos, casas, mato, destaco as centenas de laranjeiras por que passei J Nunca tinha visto tantas laranjeiras carregadinhas como nesse dia ahahahahahaha Vitamina C não falta aos severenses :D

E pronto…a meta situava-se no parque da cidade e, desta vez tinha o Guilherme à minha espera para me ajudar a cortar a meta J



Objetivo comprido J

Muitos parabéns a todos os elementos da organização e também ao David Coutinho que fez, como é habitual, uma prova fantástica.


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