"Dos fracos nao reza a historia"
...eu diria mais "isto é para homens de barba rija e mulheres de bigode!
Ora
bem, tinha chegado o DIA.
O
dia da minha prova! O dia de passar a noite na minha serra preferida! o dia em
que ia ter tempo para por a conversa em dia com a "minha" Serra da
Freita 😆
Bem, mais uma vez tinha decidido com a Clarinha irmos na véspera. Tínhamos conseguido arranjar um local muito agradável, familiar, com gente muito simpática perto de Arouca para pernoitar, eu uma noite, a Clarinha e o meu filhote, duas noites. Para os interessados chama-se VisitaFreita. (Obrigado Rui pela indicação 😄)
Assim
que chegámos a Arouca fomos levantar o dorsal e o friozinho na barriga fez-se
logo sentir.
A
noite foi com alguma chuva. Os senhores da meteorologia, assim tinham
prometido.
Como
era de esperar, eu pouco consegui dormir. Apesar de já ter feito esta prova de
100km`s duas vezes, de ter já feito inúmeras outras provas nesta serra e de
outras tantas vezes ter vindo treinar para a Freita, era impossível conter o
nervosismo. Afinal de contas ia participar numa prova traçada pelo Sr.
Moutinho.
Os treinos tinham corrido mais ou menos bem, apesar de ter atravessado uma fase física menos boa, onde as cãibras eram residentes oficiais no meu corpo, lá ia conseguindo cumprir com a minha preparação.
Dia "D" que é como quem diz, dia da prova
A partida era dada ás 6:00h da manha, o que obrigou a famelga a ter que levantar-se cedo para me levar até ao local da partida que era junto ao Complexo Desportivo Municipal de Arouca.
Mais
uma vez esta prova, para mim, caracteriza-se por ser um teste à sobrevivência,
à paciência e resiliência, e à dor, apesar de que este ano não esteve o calor
abrasador que é característico nesta prova. Mas as dificuldades estavam lá
todas. As Goelas do Mundo (epá...não consigo transcrever a beleza e dureza
daquele trilho), mas que vale a pena deixar lá litros de suor, vale!
As travessias
pelo rio, onde todos dizem que é a parte mais fácil da prova, mas que, pode
deixar marcas e fazer moça para os quilómetros seguintes, pelo menos para quem
não tiver um par de meias suplentes na mochila para poder trocar no
abastecimento de Covelo de Paivô, local este, (para mim) onde realmente começa
a verdadeira prova e conhecemos a verdadeira dureza da Freita!
O
Muro, (uma das definições de muro - construção usada para separar terrenos, …muralha
de fortificação) - ora bem...aqui este local não separa terrenos, porque não
tem nenhuma construção…, mas é uma autentica parede na vertical em que algumas
vezes precisamos de ligar a "tração às 4" e.…não estou a
exagerar!
Ah...este
muro separa-nos também do próximo trilho, que só o nome diz tudo "Subida
das Almas Penadas"
Nem
sei bem o que dizer...sobre esta subida, mas que ficamos completamente
depenados, ficamos!
Depois
temos a aldeia da Pena, onde a sua famosa sopa com broa acompanhada por uma
"jola" num local onde a sombra e a brisa fresca ajudam a atenuar o “depenanço”
atras!
O Portal
do inferno.
Drave
- a aldeia magica.
Os famosos 3 pinheiros, que até chegar a eles vamos a rogar pragas ao obreiro desta prova, Incas e finalmente ao km60, Povoa das Leiras - base de vida (local onde podemos receber assistência externa, trocar de roupa e descansar um pouco, claro...quem tiver ainda tempo para isso!
Até que vem a famosa Besta, no meu caso, feita já com a noite posta e um frontal ligado.
Bondança, Porqueiras e as tão famosas escadas do Martírio até que chegamos à Lomba!
Mais
uma bifana e uma cervejinha no bucho...e as energias estavam recarregadas para
os km`s finais!
Bradar
aos Ceus, era o que me esperava. Mais um nome em que facilmente fazemos um
filme na nossa cabeça sobre a suposta dureza desta subida.
Neste
meu caso, o que teve de dureza, teve ainda mais de beleza! Já quase na parte
final da subida, o dia começou a nascer! Maaaas queeeee paisagem!!!!! Qual dor,
qual cansaço, qual que!!! A Freita tem qualquer coisa de fenomenal!!!
Pedras
Parideiras e toca a rumar ao local do ultimo abastecimento, Albergaria da
Serra.
Chegado
a este abastecimento, significava que faltavam 13km`s para alcançar Arouca e conseguir
assim acabar pela 3ª vez esta aventura!
E
pronto, os km`s finais foram praticamente a descer e depois de mais uns nomes
feios e umas outras quantas pragas (outra vez) rogadas ao "Pai" por
estar fartinho de tanta descida...lá entro nos km`s finais com a escola à vista
e com a Clarinha e o Gui à minha espera.
Assim
que entro no pavilhão, o sentimento é indescritível. É uma sensação única! Não sei…faz-me
sentir o homem mais forte do mundo, não sei se percebem!
Doidices e muiiiita paixão! Paixão pela serra, pelos trilhos, pela corrida…
Esta não foi a minha melhor prestação em relação à classificação e ao tempo que demorei, mas isso para mim, não interessa muito, principalmente numa prova de 3 dígitos. Até porque mais uma vez fiz a prova sem relógio e praticamente sem saber a quantas andava. O importante era ir alcançando os dez abastecimentos que tinha pela frente e chegar a Arouca a respirar!
Resumindo:
26h35
depois de ter partido de Arouca, regresso ao Pavilhão no 85º lugar na geral,
43º no escalão M40, sem pele num calcanhar, com uma unhada pisada, mas com um
sorrido do tamanho do mundo!
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