Que agradável surpresa....
Este evento
decorreu pela Serra do Bussaco e zonas limítrofes.
Em 2021, a Clarinha participou no Trail 30K e a sua satisfação foi tão grande que comentou logo comigo que gostaria de voltar e tentar fazer a sua 1ª ultra nesta prova. Eu nesse ano que não tinha participado fiquei logo com vontade de conhecer a Mata do Bussaco, tal eram os elogios de quem participou.
Participação da Clarinha no ano 2021 |
Em finais de 2021 surgiu a hipótese de representar este super clube, recheado de super atletas, com imensos km`s nas pernas, com muitas experiencias já vividas. Um clube recheado de pessoas fantásticas e muito prestáveis! Resumindo, íamos ter a hipótese de correr com as nossas novas cores e em casa.
Fotografia: Pedro Lopes |
Assim foi, eu inscrevi-me na ultra para conseguir aproveitar e apreciar todos os recantos da mata do Bussaco e arredores e a Clarinha também e assim fazer a sua estreia na distancia ultra.
Visto que a prova
era relativamente perto de casa, os dorsais foram levantados no próprio dia.
Dia da prova
Fotografia: Pedro Lopes |
O dia prometia ser quente! Os treinos com temperaturas mais elevadas não tinham sido nenhuns o que na realidade me causava algum desconforto porque o corpo não estava habituado. A Clarinha também estava um pouco receosa com isso…
O ponto de
encontro para a partida e levantamento de dorsais era no Pavilhão Municipal do
Luso, que fica junto ao parque. Uma zona de lazer muito agradável que
proporciona um passeio agradável.
Fotografia: KabazuK Photography |
Mais uma vez, assim que chegámos encontramos caras amigas e os dois dedos de conversa conforme manda a tradição foram cumpridos.
Parabéns José Pinhas pela tua boa prestação que resultou com um excelente resultado |
Depois dos dorsais levantados e nós já equipados, reparo na moldura humana de elementos do Staff do DCI e realmente…esta gente sabe bem o que significa entreajuda, espirito de equipa e amizade! Fantásticos mesmo!!! Vocês sabem receber! Alegria e boa disposição não falta! Obrigado mesmo!!!!
Fotografia: Pedro Lopes |
O relógio
aproximava-se das 8 horas e o mentor da prova e nosso boss, o Sr. Joaquim dava
os últimos conselhos e alertas.
Fotografia: Pedro Lopes (Sr. Joaquim na entrega dos prémios) |
8h e a partida era dada junto ao Pavilhão
Municipal do Luso.
Fotografia: Pedro Lopes |
De serviço estava a speaker Eunice Magalhães (atleta da casa) que conseguiu animar a malta com a sua boa disposição.
Fotografia: Pedro Lopes (Eunice Magalhães ) |
Pela frente
esperava-nos 45k com 1800D+ e um dia de muito calor. Ou seja, ia ser um belo
dia de praia no Bussaco.
Grafico da prova |
Para tornar a “coisa mais fácil” os primeiros 6 km`s eram a subir e sempre pelo interior da Mata do Bussaco. Bem…espetacular!! Super bonito! Fiquei surpreendido com aquilo que encontrei! Malta, se não conhecem é favor pegar na família, calçar umas sapatilhas, mochila às costas e toca a percorrer os trilhos que existem no interior da mata!
Fotografia: João Cavadas |
Acreditem, vão ficar surpreendidos! Locais com PR`s bem marcados, limpos onde existem locais com placas com a informação do local onde se encontram.
E aquela
escadaria?? Jasus!! Que parte pernas logo no inicio, mas com a vegetação verde
a envolver aquelas escadas, tornam o local muito bonito.
Fotografia: João Cavadas (Fonte Fria) |
O meu principal objetivo para esta prova era colocar km`s nas pernas ate porque depois do Vouga Trail esta era a segunda prova mais longa que realizei este ano e a Freita está a aproximar-se…
Fotografia: João Cavadas (A Clarinha em ação já no final da escadaria) |
Já no interior da mata, sentia-se o ar abafado e um calor anormal…parecia uma estufa.
Assim que
atingíamos pela 1ª vez o ponto mais alto da prova (sim…a 1ª vez porque ao km 40
íamos voltar a atingi-lo) tínhamos o 1º abastecimento.
Miradouro Cruz Alta. (Foto retirada do Google) Ponto mais alto da Serra do Buçaco, onde a montanha atinge uma altitude de 547 metros, a partir da qual se inicia a inclinada vertente para o Luso. |
5km´s percorridos, e a Porta da Cruz Alta era atingido com a possibilidade de tirar uma super foto porque a vista lá de cima era fantástica. Os 45 minutos que precisei para fazer estes 1ºs km´s deram para perceber que a prova ía ser durinha. Para trás tinha deixado o interior da mata com trilhos bonitos, técnicos com uns sigle trak´s por vezes de difícil progressão.
Fotografia: SoniAlmeida (Ainda dentro do parque do Bussaco) |
Siga para a o 2º abastecimento…Ninho do Corvo
Eu estava a gostar da prova, ia a um ritmo confortável as pernas estavam soltas, e tinha a noção que estava a fazer uma boa prova relativamente à minha posição (mas isso era o que menos me importava). Esta parte do percurso era de rápida progressão, sendo maioritariamente de desnível negativo.
Fotografia: KabakuK Photography |
Ninho do Corvo atingido e continuávamos a descer ate ao km 15. Começava já a preparar a 2ª subida acentuada do dia. Esta mais curta, mas com alguma dificuldade de progressão.
Para trás também já tinha deixado as torres eólicas que criavam um cenario bonito, lá no cimo, com uma vista panoramica do que nos rodeava.
Fotografia: Aventuras Fortes(s) (A patroa a avançar....) |
Ate aqui a prova estava a correr-me na perfeição. Com 17km`s o relógio marcava 2:00h de prova, as pernas estavam soltas e respondiam ao que lhes era solicitado.
Entretanto também
já tinha deixado para trás o abastecimento em Portela de Oliveira.
Fotografia: Aventuras Forte(s) |
Aproximava-se o ponto de regresso da prova. Com 21 Km´s íamos andar por uma zona mais rápida praticamente plana junto a um riacho. O percurso quase que se cruzava, ou seja, na ida íamos pela estrada de cima terreno em terra batida lá por umas terras, e no regresso passávamos na estrada mais em baixo, mas que era praticamente uma junto à outra. Entre ir e voltar ainda se passaram 5 km`s onde uma das minhas pernas começou a dar sinal de câimbras…
Km25 e estávamos mesmo
já de regresso, mas estava a começar a atrasar-me. Ao tentar proteger um pouco
a perna comecei a andar a um ritmo mais lento.
Fotografia: Aventuras Forte(s) |
Aproximava-se o
abastecimento em Carvalho. O relógio marcava 3:00h de prova. O calor começava a
sentir-se e a fazer estragos. O meu corpo ainda não estava habituado a este
calor. As câimbras deixavam de ser uma ameaça e passavam à realidade.
Bem, fui salvo
por uma fonte que existia neste abastecimento. Que caloooorrrrrrr jasuuuuusss!
Deixei-me ficar uns 2/3 minutos com a cabeça debaixo de agua!
Fotografia: Aventuras Forte(s) |
Tinha a perna num
estado critico, qualquer movimento mais brusco e era forçado a parar com as
dores características das câimbras…só que como era uma câimbra na parte
interior da coxa, eu não conseguia alongar devidamente sem que tivesse dores horríveis!
Bem…nem vos digo
nada! Se eu gritasse com toda a vontade e força que me apetecia por causa das
dores, acho que a minha mãezinha que estava em casa sensivelmente a 50km`s e
que fica sempre preocupada com estas minhas aventuras, conseguia ouvir!!! Que
dores horríveis!!!
Já ando nestas
coisas há algum tempo, quem me conhece sabe que já ultrapassei desafios de extrema
dificuldade …posso dizer que nunca tive câimbras que me proporcionassem tamanha
dor!!
Fotografia: Marisa Duarte |
Aqui foi mesmo o
meu ponto de viragem sobre como encarar o resto da prova. Foi sofrimento atras
de sofrimento. Alongava um pouco, la conseguia depois correr mais um pouco…e
foi isto quase até ao final da prova.
Entretanto
passavam por mim alguns atletas, fui perdendo posições, mas na realidade isso
já nem me interessava. O que queria era acabar a aprova.
Km32, o relógio
marcava 4:00h de prova. Estava a conseguir aguentar as dores e aos poucos ia avançando…e, entretanto, chegava ao abastecimento em Pendurada.
Fotografia: Rui Chambel |
Estava a sentir
bastantes dificuldades por causa do calor, ainda não tinha conseguido fazer
nenhum treino com temperaturas altas e nesta prova paguei isso bem caro!
Bem…uma coisa era
certa…nem que acabasse só com uma perna, mas isto era para acabar!
Pela frente tinha
a ultima subida acentuada da prova. Sensivelmente 5km`s com 350D+ e garantidamente
uns bons minutos de sofrimento pela frente. Tínhamos voltado aos trilhos
escondidos pela mata e técnicos que aos poucos iam sendo superados. Á medida
que avançava no percurso o animo ia aumentado porque sabia que o final estava próximo.
Como sabia que os últimos 5km`s iam ser sempre a descer a prova acabava
praticamente no final da subida. E assim foi. 45 minutos depois de ter começado
a subir, eis que chego ao ultimo abastecimento que ficava já no alto, ao km40.
As câimbras não davam tréguas, as dores eram tantas e constantes que eu já nem as sentia! Conseguem perceber? Começávamos então a descer em direção ao centro do Luso e a entrar novamente na Mata do Bussaco onde eu tentava refrescar-me sempre que via agua.
Fotografia: SoniAlmeida |
Á medida que ia descendo voltava a apreciar mais uma vez aquele lugar magnifico, via também cada vez mais pessoas a disfrutar dos passeios em família por aquela zona, pessoas a fazer piqueniques e a apoiar quem passava a correr.
Ate que volto a
ver uma fonte. Salvo mais uma vez…porque os meus dois flasks de água estavam
vazios.
Dizem que é a
fonte de São Silvestre…mas eu chamei-lhe a fonte salva vidas…porque a minha
tinha acabado de ser salva ali! Que agua fresquinha tão boa! Jasus….mesmo com a
prova quase quase a acabar, deixei-me estar ali mais um bocado a refrescar-me.
Fotografia: Pedro Lopes (Fonte São Silvestre) |
E pronto, assim que passo pelo centro do Luso, começo a ver os meus colegas de equipa que estavam na organização, e cheio de alegria, com o sentimento de dever cumprido e mesmo com dores, a satisfação era enorme.
Forografia: KabazuK Photography |
e…3,2,1…meta alcançada!
Fotografia: KabazuK Photography |
Assim que corto a meta, dou por mim sentado nas cadeiras junto à meta, a pensar que mal fiz eu a Deus para ter que passar pelo que passei para conseguir chegar ao fim! Meu Deus…que sofrimento!!!! Mas pronto, mais uma aventura superada! Alias, aventuras é o que eu procuro!
Fotografia: KabazuK Photography |
Depois de me ter conectado outra vez com o planeta Terra era hora de esperar pela minha guerreira que haveria de cortar também a meta e superar-se na sua 1ª ultra (quem diria heim menina Clarinha? 45km`s?? não sabes , quer dizer sabes porque eu disse-te varias vezes, mas tenho que o registar aqui, estou super orgulhoso de ti) e ainda por cima fazes pódio por escalão! És uma força da natureza e tens uma força de vontade enorme!!! Adoro isso!!! Parabéns Ultra!!!
Fotografia: Pedro Lopes (esta foto nada tem a ver com a prova, mas tem tudo a ver contigo...mulher de garra ) |
Preciso de realçar a excelente organização e todo o espirito de entreajuda dos elementos da organização. Foi uma autentica festa! Realmente. E digo realmente porque já li isso em algures e concordo…que não é preciso pagar uma inscrição com valores astronómicos para conseguir participar numa prova de trail com direito a tshirt, premio finisher e comida no final.
Fotografia: KabazuK Photography |
Uma palavra de agradecimento ao Joaquim José que juntamente com os restantes elementos do staff organizaram um excelente evento.
Parabéns também a estas duas maquinas aqui da terra do "je" que fizeram tambem podio nos seus escalões.
Fotografia: KabazuK Photography (Sergio e Antonio) |
Parabéns equipa
DCI/Trilhos Luso Bussaco
Nossos
resultados:
Pedrocas – 6:22h –
28º geral – 7º M40
Fotografia: Pedro Lopes |
Clarinha – 8:33h –
59º geral – 3ª F40
Fotografia: Pedro Lopes |
" Zona de conforto: local onde nada acontece"
Bons treinos
runners
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