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Olá, chamo-me Pedro Lopes e sou um apaixonado pelo Trail, em especial por aquelas provas mais longas que nos consomem a alma para as conseguir realizar! Espero que com este blog consiga transmitir todas as emoções que vivo durante as minhas aventuras.

sábado, 26 de novembro de 2022

Pisão Extreme 65k - 2022


No passado sábado dia 19,  foi dia de ir até São Pedro do Sul, rumo ao Pisão Extreme.


Fotografia: Eduardo Campos

Eu ia participar pela 4ª vez na prova dos 65K com 6500D+ e a Clarinha pela 1ª vez na prova dos 35K com 3600D+

As semanas de treino que antecederam a minha prova, não tinham corrido bem. Fiquei com gripe e os treinos ficaram logo condicionados, sendo que na semana antes da prova, não consegui treinar nenhum dia, tais eram as dores de corpo e fraqueza.

Fotografia: Eduardo Campos

A Clarinha tinha sido um pouco “forçada” a participar nos 35k porque eu achava que seria um bom desafio para ela. Sabendo eu do seu gosto por aquela serra, incentivo meu não faltou para se inscrever na aventura dos 35k.


Fotografia: Eduardo Campos

Já quanto a mim, apesar de saber que existiam umas pequenas alterações ao percurso, sabia bem o que me esperava e que para além de ter que estar bem fisicamente (que não estava) era importante ainda estar melhor mentalmente para conseguir aguentar aquela monstruosidade de serra.

Dia da prova


Fotografia: Eduardo Campos

Chegámos cedo, deu para fazer as coisas com calma, falar com amigos e ir mudando o chip para a prova.

A ameaça de chuva tornou-se a realidade, sendo ela miudinha, bastou para que o impermeável já fosse vestido.

Partida dada e lá ia eu para a minha aventura pela serra da arada à conquista da minha 4ª medalha de finisher dos 65k.


Fotografia: Eduardo Campos

Ia tudo bem, ate que mais ou menos, ao km22. As minhas pernas deixaram de corresponder à minha vontade. Ia com imensa dificuldade, queria correr, mas as pernas tremiam e doíam. Estava perto do abastecimento de Covas do Monte, local de mais uma barreira horária.

Arrastei-me ate lá, mas o animo estava mesmo já a raspar o fundo, porque sabia bem que assim não estaria em condições de seguir a minha viagem, e para além de estar mal fisicamente, o animo era zero!


Fotografia: Eduardo Campos


Chegado a Covas do monte, com alguma vantagem em relação à barreira horária, sentei-me, descansei comi duas sopas e fiquei a pensar o que fazer. Sigo e tenho a certeza que não vou conseguir e fico no próximo abastecimento ou paro, estreio-me nas provas DNF e acabo com este sofrimento?

A barreira “falou-me” mesmo para ficar ali! Eu ouvi! Ela disse-me que era desta que não ia conseguir!


Fotografia: Francisco Soares

Bem, foi aqui que falei pela primeira vez com o António Franco (já vos explico melhor) que também estava no abastecimento e que estava a dizer que no ano passado tinha ficado por ali e não tinha acabado a prova.

Duas sopas no bucho, ouvidos de mercador para a barreira, e toca a retomar a prova, rezando para que conseguisse chegar a tempo de passar dentro da barreira horária estipulada.


Fotografia: Eduardo Campos


O António Franco seguiu pouco depois de mim, vindo mais à frente, mais propriamente nas escadas do inferno, a apanhar-me.

Estava a sentir-me melhor, mas sabia que seria uma prova onde as dificuldades físicas e emocionais eram enormes.

Estávamos quase a chegar a Macieira, local da base de vida. Entretanto a noite já se tinha posto, frontal ligado e nevoeiro a dificultar-nos a vida.

Aqui já tinha mesmo a companhia do António e de um senhor espanhol chamado Guilherme Ramon que acabaria por fazer a restante parte da prova connosco!


Fotografia: Pedro Lopes


Eu estava preocupado e um pouco desanimado, porque não sabia se ia conseguir chegar dentro do tempo da barreira horária na base de vida. Ultimo forcing nas descidas impondo um trote mais rápido para tentar chegar a tempo…ate que……chegávamos! Que alegria! Que alivio! Que vitoria …..ter chegado a tempo!!

Foi então que ficou decidido com o António que iriamos acabar a prova, desse por onde desse! Era para acabar! O Sr. Guilherme, estava connosco! Teríamos que “penar” para para acabar o raio da prova que me ia arrumando para o lado!


Fotografia: Eduardo Campos


Assim foi, abastecidos, com roupa seca e mais quente vestida e toca a despachar isto! Pela frente ainda íamos ter a penosa subida do Fujaco, mas eu sabia que despois de a fazer, era só começar a descer ate à meta.

Pela frente ainda tivemos que passar pela barreira horaria que estava no inicio da descida para o Fujaco. Passámos mesmo em cima do tempo, mas lá conseguimos!

Chegados ao abastecimento do Fujaco, o fim estava quase próximo, era só mesmo aquela subida e a prova estava praticamente feita.


Fotografia: Eduardo Campos

Assim foi, Fujaco conquistado, e começávamos a descer em direção ao nosso momento de gloria.

Os últimos kms foram feitos em conversa o António e o Sr. Guilherme, o que ajudava a abstrair-me das dores e de vez em quando lá puxava eu pela malta outras vezes era o António ou o Sr. Guilherme, porque apesar de estarmos já em direção à meta, ainda havia a barreira horaria da prova que era preciso cumpri-la.

Que grande batalha travámos nós nos últimos km`s! Que loucura! Que dureza! Que força de vontade enorme, nós tivemos heim?!


Fotografia: Eduardo Campos

Caramba! Quase que posso dizer que eu nesta prova, nesta serra, estive do outro lado e voltei! Percebem o que digo? Fui engolido, cuspido, abanado, amarrado, calado por aquela monstruosidade de serra e voltei! Voltei e acabei! Eu e os meus companheiros, a quem agradeço a companhia, a força e o incentivo!

Á minha espera estava a minha guerreira que me tinha deixado orgulhoso por saber que completou o desafio dela e melhor…ela disse-me que quer voltar a fazer! Ahahahahah! É disto que eu gosto! É de pessoas destas que eu gosto de estar rodeado! Pessoas simples, com uma mentalidade gigante.


Fotografia: Clara Santos


Quanto a mim, voces já sabem! Loucura não me falta 😁


Fotografia: Pedro Lopes


Aqui fica o video feito durante algumas partes da minha prova → https://youtu.be/FT6KaQQhcAk


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