No passado sábado dia 19, foi dia de ir até São Pedro do Sul, rumo ao Pisão Extreme.
Fotografia: Eduardo Campos |
Eu ia participar pela 4ª vez na prova dos 65K com 6500D+ e a Clarinha pela 1ª vez na prova dos 35K com 3600D+
As semanas de
treino que antecederam a minha prova, não tinham corrido bem. Fiquei com gripe
e os treinos ficaram logo condicionados, sendo que na semana antes da prova, não
consegui treinar nenhum dia, tais eram as dores de corpo e fraqueza.
Fotografia: Eduardo Campos |
A Clarinha tinha sido um pouco “forçada” a participar nos 35k porque eu achava que seria um bom desafio para ela. Sabendo eu do seu gosto por aquela serra, incentivo meu não faltou para se inscrever na aventura dos 35k.
Fotografia: Eduardo Campos |
Já quanto a mim, apesar de saber que existiam umas pequenas alterações ao percurso, sabia bem o que me esperava e que para além de ter que estar bem fisicamente (que não estava) era importante ainda estar melhor mentalmente para conseguir aguentar aquela monstruosidade de serra.
Dia da prova
Fotografia: Eduardo Campos |
Chegámos cedo, deu para fazer as coisas com calma, falar com amigos e ir mudando o chip para a prova.
A ameaça de chuva
tornou-se a realidade, sendo ela miudinha, bastou para que o impermeável já
fosse vestido.
Partida dada e lá
ia eu para a minha aventura pela serra da arada à conquista da minha 4ª medalha
de finisher dos 65k.
Fotografia: Eduardo Campos |
Ia tudo bem, ate que mais ou menos, ao km22. As minhas pernas deixaram de corresponder à minha vontade. Ia com imensa dificuldade, queria correr, mas as pernas tremiam e doíam. Estava perto do abastecimento de Covas do Monte, local de mais uma barreira horária.
Arrastei-me ate
lá, mas o animo estava mesmo já a raspar o fundo, porque sabia bem que assim não
estaria em condições de seguir a minha viagem, e para além de estar mal
fisicamente, o animo era zero!
Fotografia: Eduardo Campos |
Chegado a Covas
do monte, com alguma vantagem em relação à barreira horária, sentei-me,
descansei comi duas sopas e fiquei a pensar o que fazer. Sigo e tenho a certeza
que não vou conseguir e fico no próximo abastecimento ou paro, estreio-me nas
provas DNF e acabo com este sofrimento?
A barreira “falou-me”
mesmo para ficar ali! Eu ouvi! Ela disse-me que era desta que não ia conseguir!
Fotografia: Francisco Soares |
Bem, foi aqui que falei pela primeira vez com o António Franco (já vos explico melhor) que também estava no abastecimento e que estava a dizer que no ano passado tinha ficado por ali e não tinha acabado a prova.
Duas sopas no
bucho, ouvidos de mercador para a barreira, e toca a retomar a prova, rezando
para que conseguisse chegar a tempo de passar dentro da barreira horária
estipulada.
Fotografia: Eduardo Campos |
O António Franco
seguiu pouco depois de mim, vindo mais à frente, mais propriamente nas escadas
do inferno, a apanhar-me.
Estava a
sentir-me melhor, mas sabia que seria uma prova onde as dificuldades físicas e emocionais
eram enormes.
Estávamos quase a
chegar a Macieira, local da base de vida. Entretanto a noite já se tinha posto,
frontal ligado e nevoeiro a dificultar-nos a vida.
Aqui já tinha mesmo a companhia do António e de um senhor espanhol chamado Guilherme Ramon que acabaria por fazer a restante parte da prova connosco!
Fotografia: Pedro Lopes |
Eu estava
preocupado e um pouco desanimado, porque não sabia se ia conseguir chegar
dentro do tempo da barreira horária na base de vida. Ultimo forcing nas
descidas impondo um trote mais rápido para tentar chegar a tempo…ate que……chegávamos!
Que alegria! Que alivio! Que vitoria …..ter chegado a tempo!!
Foi então que
ficou decidido com o António que iriamos acabar a prova, desse por onde desse!
Era para acabar! O Sr. Guilherme, estava connosco! Teríamos que “penar” para
para acabar o raio da prova que me ia arrumando para o lado!
Fotografia: Eduardo Campos |
Assim foi,
abastecidos, com roupa seca e mais quente vestida e toca a despachar isto! Pela
frente ainda íamos ter a penosa subida do Fujaco, mas eu sabia que despois de a
fazer, era só começar a descer ate à meta.
Pela frente ainda
tivemos que passar pela barreira horaria que estava no inicio da descida para o
Fujaco. Passámos mesmo em cima do tempo, mas lá conseguimos!
Chegados ao
abastecimento do Fujaco, o fim estava quase próximo, era só mesmo aquela subida
e a prova estava praticamente feita.
Fotografia: Eduardo Campos |
Assim foi, Fujaco conquistado, e começávamos a descer em direção ao nosso momento de gloria.
Os últimos kms
foram feitos em conversa o António e o Sr. Guilherme, o que ajudava a
abstrair-me das dores e de vez em quando lá puxava eu pela malta outras vezes
era o António ou o Sr. Guilherme, porque apesar de estarmos já em direção à
meta, ainda havia a barreira horaria da prova que era preciso cumpri-la.
Que grande
batalha travámos nós nos últimos km`s! Que loucura! Que dureza! Que força de
vontade enorme, nós tivemos heim?!
Fotografia: Eduardo Campos |
Caramba! Quase que posso dizer que eu nesta prova, nesta serra, estive do outro lado e voltei! Percebem o que digo? Fui engolido, cuspido, abanado, amarrado, calado por aquela monstruosidade de serra e voltei! Voltei e acabei! Eu e os meus companheiros, a quem agradeço a companhia, a força e o incentivo!
Á minha espera
estava a minha guerreira que me tinha deixado orgulhoso por saber que completou
o desafio dela e melhor…ela disse-me que quer voltar a fazer! Ahahahahah! É
disto que eu gosto! É de pessoas destas que eu gosto de estar rodeado! Pessoas simples,
com uma mentalidade gigante.
Fotografia: Clara Santos |
Quanto a mim, voces já sabem! Loucura não me falta 😁
Fotografia: Pedro Lopes |
Aqui fica o video feito durante algumas partes da minha prova → https://youtu.be/FT6KaQQhcAk
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